Produtor cria agrofloresta entorno ao cafeeiro

Nos últimos anos, a agricultura regenerativa tem se destacado como uma abordagem inovadora na cafeicultura brasileira. Em um cenário de mudanças climáticas e exigências crescentes por práticas mais sustentáveis, essa técnica tem se mostrado uma solução eficaz para integrar sustentabilidade e produtividade na produção de café.

A agricultura regenerativa incentiva a restauração da saúde do solo, proteção da biodiversidade e otimização do uso de recursos naturais.

Além disso, tem se mostrado uma aliada poderosa no sequestro de carbono e na preservação dos recursos hídricos. O uso dessa abordagem não só melhora a qualidade do café, mas também fortalece a resiliência das lavouras diante dos desafios climáticos.

O que é agricultura regenerativa?

A agricultura regenerativa vai além da simples preservação ambiental. Ela propõe práticas que restauram e mantêm a saúde do solo, aumentam a biodiversidade e criam um ecossistema equilibrado. No contexto da cafeicultura, isso significa adotar práticas que favoreçam a recuperação do solo. Além disso, o controle de plantas daninhas e a resistência das lavouras às pragas e doenças. Isso tudo, ao mesmo tempo em que promovem uma maior eficiência na utilização de recursos naturais.

Em tempos de grandes inconstâncias climáticas, como secas e geadas, os solos manejados de forma regenerativa tornam-se mais saudáveis e, consequentemente, mais resilientes aos impactos das mudanças climáticas.

Mix de plantas implantado nas ruas do café, deu início a todo trabalho com a agricultura regenerativa da Fazenda do Lobo, no Sul de Minas em Três Corações

Embora o termo tenha surgido na década de 1980, foi nos últimos anos que ele ganhou destaque entre os cafeicultores. Afinal, a valorização de microrganismos naturais dentro de uma abordagem sustentável vai ao encontro das recentes exigências do mercado para a cafeicultura brasileira.

Práticas regenerativas dentro do cafezal

Entre as várias formas de implementar a agricultura regenerativa na cafeicultura, uma das mais eficazes é o plantio de espécies vegetais entre as linhas de café, o que contribui para o equilíbrio ecológico das lavouras. Um exemplo disso é a Fazenda do Lobo, localizada em Três Corações, no Sul de Minas Gerais.

A família adaptou o plantio das mais variadas plantas entre as ruas do café

A Fazenda do Lobo: pioneira na adaptação às práticas regenerativas

Historicamente, a Fazenda do Lobo utilizava práticas convencionais de manejo agrícola, mas desde 2006, com a produção de cafés especiais, a propriedade começou a buscar alternativas mais sustentáveis. 

Em 2021, um evento climático importante, uma geada severa, comprometeu a produtividade da fazenda e foi o marco que levou à adoção das práticas regenerativas.

O cafeicultor Guilherme Foresti explica que a geada foi o “pontapé inicial” para adotar o manejo de mato nas ruas do cafezal. “Plantamos braquiária e variedades mais resistentes e tolerantes à estiagem, pragas e doenças. Quando olhamos o plantio da braquiária, percebemos que ela nos ajudou no controle de plantas daninhas e na descompactação do solo”, afirma.

Além de ajudar no controle de plantas daninhas, a braquiária contribui para a descompactação do solo e mantém a umidade, funcionando também como adubação verde, o que oferece uma quantidade significativa de matéria orgânica.

A adoção dessas práticas regenerativas, em conjunto com outras ações, permitiu que a fazenda enfrentasse de maneira mais eficiente a seca do ano passado, mantendo a qualidade física, química e biológica do solo.

As palhas e os restos dessas plantas, quando roçadas no tempo certo, ficam sob os pés, levando nutrientes e preservando a umidade para muitas plantas

Uso de mix de sementes e manejo integrado

A Fazenda do Lobo também implementou a utilização de um mix de sementes, uma técnica inovadora para otimizar o manejo regenerativo. No último ano, a propriedade cultivou 25% de sua área com cinco variedades de sementes, cada uma com funções específicas, como a fixação de nitrogênio e potássio, e controle de nematoides. A diversidade das sementes ajudou a melhorar a qualidade do solo e a aumentar a resistência das lavouras a doenças e pragas.

“Uma fixação de nitrogênio, outra fixação de potássio. Ou seja, uma faz a descompactação do solo e outra controla os nematoides”, explica Guilherme Foresti.

Além disso, a fazenda planeja expandir essa técnica para 50% da área cultivada no futuro, com o objetivo de ampliar os benefícios proporcionados por esse manejo diversificado.

Agrofloresta: uma solução inovadora para a sustentabilidade

Outro projeto inovador da Fazenda do Lobo é a implantação de uma agrofloresta em meio ao cafezal. A agrofloresta envolve o plantio de árvores como cedro, eucalipto e banana, que cercam as lavouras de café. 

As podas das árvores geram matéria orgânica que é direcionada para as ruas do café. Isso enriquece o solo com nutrientes essenciais e ajudando a manter a umidade, especialmente em períodos de seca.

Esse projeto, junto com outras práticas regenerativas, tem mostrado resultados positivos em termos de recuperação do solo e aumento da qualidade do café. Nos últimos anos, os cafés da Fazenda do Lobo têm se destacado, com altíssimas pontuações e premiações em concursos de cafés especiais.

Guilherme Foresti destaca que, em um ano de seca intensa, a implantação da agrofloresta foi fundamental para manter a qualidade do solo e garantir uma produção mais estável.

“Em uma época de seca terrível como a que enfrentamos, conseguimos manter a qualidade física, química e biológica do solo. Eu acredito muito nesse caminho”, diz ele.

A família construiu um terreiro suspenso em meio a agrofloresta que contorna o cafezal da fazenda 

O impacto das práticas regenerativas na cafeicultura brasileira

Embora apenas 30% das fazendas brasileiras adotem práticas regenerativas atualmente, a cafeicultura do Brasil está se tornando cada vez mais preparada para enfrentar as mudanças climáticas. O setor cafeeiro brasileiro tem se destacado no agronegócio, principalmente devido ao crescente interesse por cafés especiais e pela adoção de práticas mais sustentáveis.

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A agricultura regenerativa está permitindo que os produtores brasileiros não só enfrentem os desafios climáticos, mas também se destaquem no mercado global, que valoriza a sustentabilidade e a qualidade do produto.

Além disso, o futuro da cafeicultura brasileira passa por essa adaptação contínua, com foco na inovação e na sustentabilidade, o que fortalece o protagonismo do Brasil na produção mundial de café.

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, com o objetivo de impulsionar o agronegócio brasileiro com qualidade e inovações tecnológicas.

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